Do Josias de Souza - A biografia de Lula, já crivada de surpresas e contradições, ganhou na madrugada deste domingo (19) o adorno de um novo paradoxo. Numa celebração mundana, a figura mitológica de Lula foi sacralizada.
O Carnaval, como se sabe, é embalado pelos atributos do Tinhoso: mutações de personalidade, dissimulações, desvario… É nessa época do ano que as pessoas entregam-se a um vale-tudo consentido.
Homem vira mulher, mendigo vira imperador, paulista vira baiana, branco vira índio. Lula já tinha virado mito. No desfile da Gaviões da Fiel, a figura mitológica foi como que canonizada. Lula ganhou halo de santo.
Dedicada a qualquer outro político, a sacralização carnavalesca seria tachada de demagogia. Oferecida a Lula, funciona como beatificação do mito. Isso dá idéia do inimigo que seus antogonistas têm pela frente.
Em São Paulo, o adversário do petismo não é Fernando Haddad. Se fosse, seria fácil. Nao é nem Lula. Se fosse, a luta seria mais complicada, mas não a pior. Os rivais do PT terão de combater o beato, o santo, o dogma, a fé.