6 de setembro de 2014

Vídeo mostra crianças de 1 a 2 anos sendo agredidas na creche

Uma funcionária da Creche Municipal Ferdinando Mechioretto foi flagrada ao agredir crianças de 1 e 2 anos. As imagens foram gravadas pelo pai de um dos alunos na terça-feira (2) com uma câmera escondida na mochila do filho. O homem desconfiou da atitude da monitora e das reações da criança e decidiu colocar a câmera.

Contratada em 2011, a agressora de 46 anos foi afastada pela Prefeitura e está foragida após a Justiça decretar a prisão temporária de 30 dias. Ela trabalhava como monitora na mesma creche desde o início de sua contratação. Antes da admissão, ela passou por uma avaliação psicológica, mas o laudo não apontou nenhum problema. A mulher, que é pedagoga, foi afastada e está foragida.

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A administração municipal informou que não tinha conhecimento de maus-tratos praticados na creche ou pela monitora. A agressora pode responder pelos crimes de maus-tratos, com pena de até 1 ano, e tortura, de 2 a 8 anos. Por ser agente pública, a condenação pode aumentar. A colega dela também poderá responder como coautora.

A funcionária da creche de Porto Ferreira (SP), que aparece no vídeo e presencia as agressões feitas pela colega a crianças de 1 e 2 anos e não fez nada para impedir, se apresentou à polícia na sexta-feira (5). Segundo a advogada Renata Giocondo, a servidora de 57 anos confirmou que não reagiu às duas agressões praticadas pela colega porque ficou 'sem ação diante da violência praticada contra as crianças'.

Segundo o delegado Miguel Capobianco, a mulher foi interrogada, mas não apresentou novidades ao caso. "Ela foi ouvida e liberada, mas vamos aguardar o curso do inquérito. Por enquanto, ela é uma das investigadas e responde como coautora”, disse. A polícia investiga se outras crianças também foram vítimas da mulher. Ambas podem responder por maus-tratos e tortura.

Sobre o episódio, segundo a advogada, a servidora disse ter pedido para que a monitora parasse com a agressão, mas que isso não teria adiantado. Após a segunda criança ter sido atacada ela se retirou da sala. Ainda segundo a advogada, as duas mulheres estavam sozinhas na creche no momento em que o vídeo foi gravado.

A advogada explicou que a funcionária é cozinheira da Prefeitura desde 1989, mas está afastada por conta de problemas de saúde. Por isso, ela estava na creche substituindo uma monitora que está em férias.

Denúncias
Após novas denúncias, a Prefeitura exonerou nesta sexta-feira (5), a diretora e a supervisora da creche, que já teriam sido avisadas sobre a situação. Além da denúncia de maus-tratos, a Prefeitura explicou que a exoneração serve para preservar a integridade das duas, que perdem os cargos comissionados e voltam a exercer a função de professoras em outras unidades da Secretaria de Educação.

Duas funcionárias, que não quiseram se identificar, denunciaram a direção da creche e afirmaram que a monitora era agressiva. “Eu sabia que ela batia. Várias vezes eu ouvi choro, mas nunca pude abrir a porta e ir lá fazer alguma coisa. Eu a vi batendo em uma criança, só não tomei atitude por medo de represália e perseguição. Cheguei a falar com a diretora, procurei a supervisora, mas nada foi feito. Relatamos que ouvíamos as crianças chorando, que a monitora agredia, não fazia o serviço direito, não dava comida, não trocava a fralda, não fazia nada. Porque a sala tem um vidro e quem estava lá fora via”, disse uma delas.

A outra funcionária que trabalha na unidade contou que era normal ouvir choro de crianças na sala da monitora afastada. “Nunca questionei porque ela tem uma personalidade forte e é muito malcriada. As crianças que ela cuidava tinham medo, estavam sempre de cabeça baixa, tristes, um comportamento bem esquisito”, afirmou. G1