30 de janeiro de 2016

Zika vírus pode ser capaz de infectar até quatro milhões de pessoas ainda este ano

Nesta semana, cientistas norte-americanos publicaram um apelo à Organização Mundial da Saúde (OMS), para que não deixe que se repita os erros cometidos no combate ao Ebola com o Zika vírus. O Ebola foi negligenciado por meses pela OMS antes de sair de controle e custar milhares de vidas. Eles ainda solicitaram à agência que convoque um comitê de emergência com especialistas em doenças para que comecem a lidar com a proliferação dos casos pela América e advertiram que uma possível vacina para o vírus pode levar até uma década para ser criada.

Segundo eles, hoje, o que se espera da OMS é que se criem medidas para lutar contra a propagação do vírus, criando laboratórios para testes e monitoramento, cuidados clínicos e de controle de vetores, nesse caso, matando os mosquitos (Aedes Aegypti) responsáveis por espalhar a infecção.

Segundo Marcos Espinal, diretor do departamento de doenças transmissíveis da Opas/OMS (Organização Pan-Americana de Saúde) o vírus pode se espalhar pelas Américas e já são esperados cerca de 3 a 4 milhões de casos, sendo 1,5 milhões só no Brasil. “O Zika irá onde o Aedes aegypti estiver”, disse. “A população das Américas nunca tinha sido exposta ao vírus, e por isso não tinha imunidade”, completou. Nesse caso, o especialista se refere a ideia de que provavelmente o vírus tenha chegado ao Brasil durante a época da Copa do Mundo sediada pelo país, que recebeu milhares de turistas.

A preocupação agora recai sobre outro grande evento esportivo que acontecerá aqui no Brasil, as Olímpiadas do Rio de Janeiro. Para os cientistas, a OMS tem que tomar um papel de liderança ao combate dessa pandemia e urgente, dado a proliferação dos casos e a proximidade das Olimpíadas que começará em agosto.

Segundo Espinal, o Zika ainda é difícil de ser identificado, pois não existe uma grande oferta de testes e defendeu que, apesar das evidências, ainda são necessárias mais provas para relacionar o vírus com os casos de microcefalia. Só no Brasil, nos últimos 12 meses houveram cerca de 4 mil casos de bebês que nasceram com a condição que causa malformação no cérebro dos recém-nascidos.

Para a presidente Dilma, em uma cúpula realizada no Equador, os países da América precisam se unir para combater o vírus e disse que compartilhar as informações sobre a doença é a única maneira de combatê-la.

Uma reunião com os ministros regionais de saúde foi convocada para a próxima semana, enquanto isso as mulheres grávidas estão aconselhadas a evitar viajar para os países da América do Sul. Os EUA e outros líderes mundiais apelaram para uma ação rápida quanto ao desenvolvimento de uma vacina para o vírus, no entanto, segundo os cientistas norte-americanos ela pode levar até uma década para ficar pronta.

Diferente do Ebola, o Zika vírus precisa de um vetor para se espalhar, no caso o mosquito. A doença é uma “prima próxima” da dengue e aproximadamente 80% das pessoas que estão infectadas pelo Zika não apresentaram sintomas. Enquanto que, os outros 20% experimentaram sintomas leves como febre, manchas na pele, dor nas articulações e vermelhidão nos olhos. No entanto, a preocupação recai sobre as grávidas – por causa da microcefalia – e sobre os casos de paralisia consequentes da Síndrome de Guillain-Birré, que pode estar relacionada a uma condição do Zika vírus. (Inf. Jornal Ciência)