9 de julho de 2018

Escorpiões passam a matar mais que cobras no Brasil


O tratorista Valdomiro Vieira dos Santos Neto, 34 anos, sempre esteve atento às cobras. Trabalhador de uma usina de cana-de-açúcar na região de Miguelópolis (SP), ele sabe da ameaça venenosa que representa uma cascavel, por exemplo. Mas não imaginava que um bicho peçonhento muito menor teria o poder de devastar sua família. Há um mês, a picada de um escorpião causou a morte de Felipe, seu filho de 3 anos. O menino foi atacado na mão enquanto brincava com um caminhãozinho dentro de casa.


"A gente tem que evitar entrar em contato com um animal desses", disse Valdomiro, bastante abalado. "Mas eu não tinha essa instrução."

Responsável por 184 mortes no Brasil em 2017, o escorpião ultrapassou as serpentes no topo do ranking de animais peçonhentos que mais matam no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. No mesmo ano, foram registrados 105 casos de morte por veneno de cobra.

De 2013 para cá, aumentou em 163% o número de óbitos causados por esse artrópode; naquele ano, eram apenas 70. A proporção no aumento das mortes é muito maior do que a dos casos notificados de escorpionismo, ou seja, situações em que o escorpião injeta veneno em uma pessoa através do ferrão, sem necessariamente levá-la à morte. Eles somaram 125.156 no ano passado, diante de 78.363 em 2013, um aumento de quase 60%.

Os Estados de São Paulo e Minas Gerais exibem a situação mais alarmante nas tabelas do Ministério da Saúde. Ambos registraram, respectivamente, 26 e 22 mortes por picada de escorpião em 2017.

'O caminhãozinho picou minha mão'

A mulher de Valdomiro, a dona de casa Camila de Oliveira Diniz, 28 anos, conta que, no dia em que seu caçula foi picado, o marido havia arrastado um armário para consertar uma das portas do móvel. Ela supõe que o escorpião, bicho que gosta de lugares escuros e úmidos, estivesse entocado ali atrás.

Assim que o menino reclamou que "o caminhãozinho tinha picado a mão", Valdomiro viu um escorpião amarelo de costas escuras subindo pela parede, perto do brinquedo. Matou o animal com um chinelo e o colocou num papel. Correu com o filho e o bicho para o pronto-socorro do município, a cerca de cinco minutos de carro da sua casa.

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