Estou falando de pessoas jovens, na faixa entre 40 e 50 anos.
Em idades mais avançadas, a manutenção se impõe. A máquina apresenta falhas, e o indivíduo pega a fila do Posto de Saúde para corrigir o que lhe aflige.
O meu sogro, que perdia a saúde, mas não perdia a piada, dizia: “meu amigo foi fazer uns exames e descobriu um câncer. Tá vendo? O sujeito estava ótimo, foi procurar o que não devia e encontrou.” Anos depois, ele, que só fazia piadas, estava seriamente enfermo numa cama de hospital, e aprouve a Deus que tivéssemos um momento tranquilo, onde escutei a mais preciosa narrativa sobre a morte que se avizinhava: “sabe Ana, a morte é assim como um dia em que vc você estivesse muito cansada, e de tão cansada fosse para a cama, e dormisse o sono mais profundo da sua vida. Sem se mexer, você dorme. E mesmo que o sono dure 1.000 anos, você não acorda. E quando acorda, chegou o dia”. E eu perguntei só para ter certeza. “E que dia é esse seu Amadeu?” Ele respondeu: “o dia da volta de Jesus, Ana Maria.”
A máquina precisa de manutenção. Pequenos ajustes no estilo de vida podem significar a diferença entre uma vida longa, e uma morte na melhor fase. A melhor fase para mim é entre 40 a 60 anos.
Por que as pessoas evitam a manutenção? Porque não pagam planos de saúde e entrar na fila do SUS é desgaste na certa. Esse é o primeiro motivo.
Os outros são: porque ainda não estão sentindo nada, porque sentem mas acostumam, porque não têm tempo, porque não têm vontade e porque têm medo. Ou tudo isso.
A causa primária do desgaste natural -creio eu -é a a má alimentação. Comemos muito lixo. A comida lixo é saborosa e está disponível por poucos reais.
O homem adulto jovem desconta na comida lixo, o stress pela vida desgraçada de ruim que leva.
A mulher adulta jovem desconta na comida lixo as mesmas frustrações, além do fato de sentir-se mal amada.
Que esse negócio de amor para mulheres maduras ainda é assunto de suprema importância. A mulher nunca se desvincula da necessidade de pertencer e ser amada.
Se você analisar assuntos de foro íntimo, a comida é um prazer que se encontra baratinho no supermercado na esquina, e que não precisa do outro para se concretizar. Aquela picanha gorda vc come sozinha, e só não tem orgasmos, mas chega perto.
“Eu como mesmo, é o único prazer que tenho na vida.” E eu acrescento: é um prazer legítimo, moral e que ninguém reprova, até vc começar a adquirir muitos quilos acima do peso. Aí a parentela cai matando, e vc será obrigada a comer escondido.
A obesidade mata silenciosamente.
A obesidade enferruja.
O corpo na calada da sua noite profunda, no sangue, juntas e medulas, -e essa é uma linguagem poética, mas que funciona muito bem- o corpo começa a apresentar inflamação sub-clinica.
Que bicho é esse? É a inflamação silenciosa aquela que não apresenta sinais exteriores, mas vai comprometendo todos os sistemas interiores. O sinal visível dessa inflamação é a celulite.
Tem também a disbiose. A disbiose é quando os trilhões de bactérias que habitam o nosso intestino começam a se desequilibrar. Nesse caso os nossos hóspedes do bem perdem a guerra e os do mal proliferam abundantemente. Tudo por que? Por excesso de comida processada, porque nos estressamos por muito, ou por pouco. Enfim, pelo estilo de vida tóxico.
Falemos agora de outra praga, a Síndrome metabólica.
A síndrome metabólica é o conjunto de condições que aumentam o risco de doença cardíaca, e acidente vascular cerebral.
A síndrome metabólica inclui hipertensão arterial, nível elevado de açúcar no sangue, excesso de gordura corporal em torno da cintura, e níveis de colesterol anormais.
A síndrome -ou seja esse conjunto de fatores - aumenta o risco de uma pessoa ter ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.
As pessoas estão morrendo por falta de manutenção, por comer errado, pelo stress constante que leva ao aumento do cortisol, por descontar o salário do prazer no pecado da gula, por exagerar na bebida, e porque a vida nua e crua as deixam peladas de sonhos e de projetos.
E também porque os dias são maus, e os nossos amigos são amigos de ninguém.
Tive ocasião de prestar atenção nessa má realidade nesses dias que tenho passado.
Alguns amigos do WhatsApp que- embora sejam virtuais -são meus amigos desde o início da plataforma, foram informados da minha cirurgia. Desejaram melhoras. E depois disso, me ofereceram o de sempre: vídeos -alguns de conteúdo zero. Nenhum interesse adicional para saber se me recuperei.
Estou dizendo aqui - não porque não tenha coragem de dizer ali: para os mais íntimos, já disse.
Disse porque os isentões e as isentonas não fazem à toa e nem por mal: fazem porque não aprenderam um jeito mais carinhoso e fraternal de ser, embora tenha sido outro o tratamento que receberam de mim nesses anos todos. Eu costumo pedir o boletim médico até do cachorro doente do amigo. Se fui informada, devo acompanhar o restabelecimento da pessoinha de 4 patas.
Enfim, é isso: os dias são maus, as pessoas são amigas de ninguém, e mesmo assim cuide com carinho da máquina.
Você só tem essa única para viver.
Por: